Homenagem a Manuel António Pina

Manuel António Pina: um observador da vida

(imagem retirada da Internet)

     No dia de hoje, há setenta anos (em 1943), nasceu Manuel António Pina, no Sabugal (Beira Alta). Por isso, neste dia, há que recordá-lo, lendo a sua obra e percorrendo os meios de comunicação social (em suporte físico - jornais, revistas; em suporte virtual - sites, blogues). 
    A este propósito, o Museu Nacional da Imprensa preparou uma série de iniciativas para assinalar este dia. Uma delas foi designada como  PINA 70: a poesia no mundo e envolverá escolas e universidades de Portugal e dos países de língua oficial portuguesa, bem como escolas/ centros de Português de outros países, tendo como atividade principal a leitura de poemas de Manuel António Pina, em algum momento deste dia 18 de novembro, em salas de aula ou átrios.

     Para que possas ler poesia de Pina, aqui ficam alguns poemas:


Calo-me

Calo-me quando escrevo
assim as palavras falam mais alto e mais baixo.
Nada no poema é impossível e tudo é possível
Mas não arranjo maneira de entrar no poema
e de sair de mim e por isso a minha voz é profunda e rouca
e por isso me calo (e como me calarei?)
No entanto ninguém é tão falador como eu
Nem há palavras que não cheguem para não dizer nada.
E vós também: não me faleis de nada ou falai-me.
Porque não sabeis o que dizeis.




Pensar de pernas para o ar


Pensar de pernas para o ar
é uma grande maneira de pensar
com toda a gente a pensar como toda a gente
ninguém pensava nada diferente


Que bom é pensar em outras coisas
e olhar para as coisas noutra posição

as coisas sérias que cómicas que são
com o céu para baixo e para cima o chão



A Ana quer

A Ana quer
nunca ter saído
da barriga da mãe.
Cá fora está-se bem
mas na barriga também
era divertido.

O coração ali à mão,
os pulmões ali ao pé,
ver como a mãe é
do lado que não se vê.

O que a Ana mais quer ser
quando for grande e crescer
é ser outra vez pequena:
não ter nada que fazer
senão ser pequena e crescer
e de vez em quando nascer
e voltar a desnascer.



     Falecido em 2012, Manuel António Pina deixou uma obra singular, no campo da poesia, da crónica, da literatura infantojuvenil e do teatro, tendo ganhado o Prémio Camões, em 2011.




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