Se puderes
Sem angústia
E sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.
E, nunca saciado,
Vai colhendo ilusões sucessivas no pomar.
Sempre a sonhar e vendo
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças...
Sem angústia
E sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.
E, nunca saciado,
Vai colhendo ilusões sucessivas no pomar.
Sempre a sonhar e vendo
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças...
Miguel Torga
Certamente, já ouviste falar em Miguel Torga...
Sabias que é o pseudónimo literário de Adolfo Correia da Rocha, médico especialista em otorrinolaringologia, que viveu durante muitos anos na cidade de Coimbra e teve o seu consultório no Largo da Portagem?
Adolfo
Correia da Rocha nasceu em S. Martinho de Anta (Vila Real, em Trás-os-Montes), em 12 de agosto de 1907 — e faleceu em
Coimbra, em 17 de janeiro de 1995, foi um dos mais importantes escritores
portugueses do século XX.
Ele escolheu Miguel,
em homenagem a três grandes vultos da cultura europeia: Miguel de Cervantes
(romancista, dramaturgo e poeta castelhano – séculos XVI e XVII), Miguel de
Unamuno (escritor, poeta e filósofo espanhol – séculos XIX e XX) e Miguel
Ângelo (pintor, escultor, poeta e arquiteto italiano – séculos XIV e XV). Já Torga é o nome de uma planta bravia da montanha, a
urze (de flor branca, arroxeada ou cor do vinho), que consegue sobreviver e
crescer entre as rochas, servindo também como lenha para o lume.
Em 1917, aos dez anos, foi para uma
casa apalaçada do Porto, habitada por parentes da família. Andava fardado de
branco, pois servia de porteiro, moço de recados, regava o jardim, limpava o pó
e polia os metais da escadaria nobre, atendia campainhas. Foi despedido um ano
depois, por ser um pouco irreverente.
Em 1918, foi para o Seminário de Lamego, onde
viveu um dos anos cruciais da sua vida, tendo melhorado os conhecimentos de
Português, de Geografia, de História: Aí, aprendeu Latim e conheceu textos
sagrados. No entanto, contra o que seria de esperar pelos seus pais, no fim das
férias, comunicou que não seria padre.
Como consequência do abandono do Seminário,
emigrou para o Brasil em 1919, com doze anos, para trabalhar na fazenda do tio,
na cultura do café. O tio apercebeu-se da sua inteligência e pagou-lhe os
estudos liceais, em Leopoldina (estado de Minas Gerais).
Mostrou ser um aluno
exemplar, o que fez com que o seu tio, em 1925, lhe tenha proposto que
continuasse os estudos em Coimbra, recompensando-o com o pagamento dos estudos.
Assim, Adolfo regressou a Portugal, tendo entrado para a Faculdade de Medicina
da Universidade de Coimbra, em 1928. Neste ano, publicou o seu primeiro livro
de poesia, Ansiedade.
Em 1929, com 22 anos, começou a colaborar na
revista Presença, com o poema
“Altitudes”. A revista, fundada em 1927 pelo grupo literário avançado de José
Régio, Gaspar Simões e Branquinho da Fonseca. Porém, um ano depois, deixou de
participar naquela revista.
Em 1933, concluiu a formatura em
Medicina, tendo contado sempre com o apoio financeiro do tio do Brasil. Nos
primeiros anos, exerceu a sua profissão em localidades transmontanas. A partir
de 1939, passou a fazê-lo em Coimbra, onde viveu até morrer.
Apesar de amar a cidade, foi bastante crítico da praxe e tradições académicas,
chamando, de forma depreciativa, "farda" à capa e batina.
Em 1934, casou com Andrée Crabbé, estudante de
nacionalidade belga - aluna de Estudos Portugueses, ministrados por Vitorino
Nemésio em Bruxelas - que viera a Portugal para frequentar um curso de férias
na Universidade de Coimbra. A sua única filha, Clara Rocha, nasceu a 3 de
outubro de 1955.
Eis algumas das suas
obras:
Bibliografia de
Miguel Torga
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Para saberes mais um pouco, podes consultar os seguintes endereços eletrónicos:
E não te esqueças de visitar a exposição patente na Biblioteca Escolar! Esperamos por ti!
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